O out of home teve seu ritmo virtuoso de crescimento interrompido como resultado da pandemia da Covid-19.
Nos últimos anos o setor abocanhou a terceira posição entre os meios que mais recebem investimentos publicitários no Brasil, atrás de TV aberta e internet.
Com menos pessoas circulando pelas ruas, aeroportos e shoppings, os anunciantes frearam os investimentos nas telas e painéis para esperar a retomada gradual das atividades.
Contudo, o segmento se adaptou às novas rotinas de lazer e trabalho das pessoas e voltou a movimentar o interesse dos anunciantes.
Todavia, a perspectiva é de que os negócios se aqueçam em 2021 e que o OOH recupere o ritmo de crescimento que tinha antes da Covid-19.
“O ano de 2020 foi bastante desafiador, mas reforçou a relevância do out of home não só como meio que conecta marcas e audiência, mas também como veículo de informação”, conta Heitor Pontes, diretor comercial e marketing da JCDecaux.
A audiência nos aeroportos em que a empresa atua (GRU e Brasília) foi, em dezembro de 2020, 66% da registrada no mesmo mês de 2019. “O interesse pela mídia OOH continua crescente”, afirma.
Similarmente, a audiência de dezembro nas ruas representou 87% da média no ano anterior.
De acordo com Pontes, o interesse das marcas em retomar os investimentos no segmento é crescente. “Os anunciantes estão procurando cada vez mais dados que ajudem a trazer visibilidade sobre o comportamento do público nas ruas, lembra”.
“Como temos essas informações, é natural que eles tenham interesse em retomar as conversas que foram interrompidas.”.
Out of home: projetos especiais
Responsável pelos abrigos de ônibus da cidade de São Paulo e também pelo mobiliário urbano de outros municípios, a Otima procurou, ao longo do ano passado, adaptar-se à rotina que cada local vivenciava.
“Inicialmente usamos nossas faces para prestar serviço à população”, revela Pedro Barros, diretor comercial da Otima.
“Com a retomada gradual, a partir de agosto, alguns anunciantes começaram a usar o OOH novamente e, no último trimestre, tivemos uma recuperação surpreendente.”.
O porta-voz da empresa diz que as marcas voltaram a se interessar por projetos especiais, por exemplo, pois permitem maior interação entre marca e público.
“Tivemos um crescimento de projetos com cenografia e recursos como sensores de movimento infravermelho e interação através do mobile”, conta.
Com a vida da população voltando ao normal, sobretudo por causa da vacinação, Barros acredita que, imediatamente, o meio retornará ao ritmo anterior de crescimento.
Aliás, a crença é compartilhada por Rodrigo Kallas, CEO da Kallas Mídia, outro player do segmento de OOH. Segundo o executivo, a empresa teve uma perda de 35% no faturamento no ano passado por conta da paralisação dos negócios na pandemia.
Surpreendentemente, o ano de 2021 começou dando sinais de recuperação. “Iniciamos o ano com bons contratos e com os clientes buscando uma atuação positiva no out of home”, conta Kallas.
“Temos total confiança de que podemos repetir os resultados de 2019 agora em 2021 e, quem sabe, com as vacinas e a retomada maior das atividades, talvez possamos até superar os resultados.”.
Retomada
Outra empresa brasileira do segmento, a NEOOH começou a ver um ritmo de retomada dos investimentos no último trimestre do ano passado e no começo de 2021.
“Renovamos 100% dos contratos anuais que mantemos com nossos clientes e constituem 70% da nossa carteira” afirma Leonardo Chebly, CEO da NEOOH.
“Isso sinaliza que os anunciantes têm na nossa mídia uma ferramenta relevante e de resultados para suas empresas.”.
Ao mesmo tempo, o executivo aposta que o ritmo de crescimento está sendo retomado de forma orgânica e que o emprego das novas tecnologias de digital out-of-home funciona como um catalisador para o segmento.
Investimentos
Apesar das dificuldades no cenário econômico de retração, a Helloo teve uma realidade diferente dos demais players do segmento no ano passado.
Pelo fato de estar presente em elevadores residenciais, a empresa teve menos perdas ao longo de 2020.
“Essa peculiaridade contribuiu para atrair novos anunciantes, que após a experiência tornaram-se clientes recorrentes. Como resultado, a nossa receita publicitária cresceu 41% em relação a 2019”, revela Felipe Forjaz, CEO da Helloo.
Apesar da retração, o out-of-home não saiu do mix de investimentos na visão de Luiz Fernando Biagiotti, diretor comercial e de marketing da Clear Channel.
O executivo pontua que a empresa vem notando um crescimento no interesse dos anunciantes nos últimos seis meses.
“Tivemos um aumento significativo de demanda dos nossos clientes, que já estão acostumados a veicular suas campanhas no meio.”.
“Assim como registramos um aumento bastante significativo de novos clientes, inclusive de segmentos que não estavam acostumados a investir no OOH com tanta frequência”, completa.
Na visão de Biagiotti, a retomada está bastante acelerada e tende a seguir dessa maneira nos próximos meses.
“Já mostramos a eficiência da mídia e as inúmeras oportunidades de branding e integração com outros meios, que permitem campanhas criativas e resultados excelentes.”.
Acreditamos que com recuperação econômica, não tem nada que impeça que o OOH registre crescimento similar ou até maior que o apresentado antes da pandemia”, aposta.
Fonte: Meio & Mensagem.